Esta é uma das histórias mais conhecidas de toda a bíblia. Cristãos, ateus, muçulmanos, espíritas e muitos outros grupos conhecem e até debatem a veracidade dos relatos encontrados no livro de Gênesis. No entanto, discussões de cunho histórico, científico e arqueológico acabam por gerar maior desentendimento, quando se trata do significado dos relatos desta que foi uma revelação de Deus à Moisés.
O livro de Gênesis, que de acordo com a própria cronologia bíblica, foi escrito milhares de anos após a criação, é o livro base de todo o cristianismo. Basta ler os primeiros capítulos e esta ideia fica bem clara. Tudo que é relatado na bíblia tem um "porquê" e o livro da criação explica quais são esses "porquês". O terceiro capítulo do livro não foge a regra, trazendo à vista de todos a razão pela qual a morte do Cristo se faria necessária. E este é o ponto em que todos concordam: A morte de Cristo paga a dívida oriunda do pecado. O problema começa quando se interpreta o Gênesis com muito misticismo. Confundindo o "místico" com o "mítico". Metafórico ou literal, o relato da chamada "Queda do homem" deve ser analisado como mítico e fabuloso. Estudando a história a partir desta perspectiva, entende-se o quão real e atual este escrito de aproximadamente 3.200 anos pode ser.
Imagine você mesmo, cheio de sonhos e planos para uma vida "perfeita", buscando construir o seu próprio "paraíso". É fácil imaginar algo assim, já que todas as pessoas querem isto. Agora, imagine que mesmo com todos os esforços para tornar da sua vida um "Éden", de tempos em tempos, você se vê de frente com uma situação errada, fora do seu planejamento. É como se essa falha estivesse enraizada bem no meio do seu caminho, como uma árvore. Você sabe lidar com a situação, e sempre escapa do erro. Mas você dá ouvidos demais ao seu coração, e este tem até boas intenções, mas pode ser facilmente enganado. Então, seu coração decide ouvir o que as paixões e os caprichos da vida têm à dizer. Cheio do veneno dessa "serpente", o coração se torna enganoso e te leva por caminhos tortuosos. Você experimenta o fruto mal e percebe o mal ao seu redor. Por tão pouco, seus planos se desfazem e o seu "paraíso" se torna um mundo cheio de vergonha e arrependimento.
A queda do homem não é culpa de Adão, nem de Eva e menos ainda de uma "serpente falante". A queda do homem ocorre todos os dias e não adianta de nada culpar Eva. O que o Gênesis traz não é um relato histórico de um Adão insignificante que existiu milhares de anos antes de nós. Ele traz a certeza de que não existe um Adão. Traz a consciência de que todos os dias milhares de "Adãos" e "Evas" repetem a mesma história milenar, contada aos nossos pais e aos pais dos nossos pais, sem se dar conta da única mensagem que importa. "Eu sou "Adão" e Jesus morreu na cruz para consertar o paraíso que eu destruí."
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